quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
POR UM MUNDO MELHOR
Mia Couto
Os Sete Sapatos Sujos
Não podemos entrar na modernidade com o actual fardo de preconceitos.
À porta da modernidade precisamos de nos descalçar.
Eu contei Sete Sapatos Sujos que necessitamos deixar na soleira da porta dos tempos novos.
Haverá muitos.
Mas eu tinha que escolher e sete é um número mágico:
FELIZ NATAL
Há-de vir um Natal e será o primeiro em que se veja à mesa o meu lugar vazio
Há-de vir um Natal e será o primeiro em que hão-de me lembrar de modo menos nítido
Há-de vir um Natal e será o primeiro em que só uma voz me evoque a sós consigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro em que não viva já ninguém meu conhecido
Há-de vir um Natal e será o primeiro em que nem vivo esteja um verso deste livro
Há-de vir um Natal e será o primeiro em que terei de novo o Nada a sós comigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro em que nem o Natal terá qualquer sentido
Há-de vir um Natal e será o primeiro em que o Nada retome a cor do Infinito
(David Mourão-Ferreira)
Há-de vir um Natal e será o primeiro em que hão-de me lembrar de modo menos nítido
Há-de vir um Natal e será o primeiro em que só uma voz me evoque a sós consigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro em que não viva já ninguém meu conhecido
Há-de vir um Natal e será o primeiro em que nem vivo esteja um verso deste livro
Há-de vir um Natal e será o primeiro em que terei de novo o Nada a sós comigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro em que nem o Natal terá qualquer sentido
Há-de vir um Natal e será o primeiro em que o Nada retome a cor do Infinito
(David Mourão-Ferreira)
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